terça-feira, 9 de abril de 2013


TEMPO E ESPAÇO

O personagem principal da novela, Gregor, que éum caixeiro-viajante, vive em um mundo atrofiado de tempo e espaço.Enfraquecido por estes fatores, Gregor vive uma rotina que lhe consome seussonhos mais secretos. O falta de tempo causada pelo trabalho excessivo de suarotina diária faz com que ele não tenha tempo para realizações pessoais,resultando na falta de expansão do espaço em que vive. Assim, ambos os fatoresestão relacionados, afinal, a falta de tempo acarreta no pequeno espaçopercorrido pelo protagonista e em sua falta de liberdade. O tempo e o espaço sereduzem ao próprio indivíduo, não se estendendo muito além do mesmo.
Isso acontece pois o mundo de Kafka não permitea Gregor uma vida muito abrangente. A vida do caixeiro é delimitada pelos ponteirosdo relógio e pelo espaço delimitado da sua corrida de trabalho, burocráticapela busca de seu salário. Seus percursos são feitos totalmente em função dotempo previsto, buscando melhores resultados no trabalho, como é possívelperceber quando o despertador de Gregor soa e este tem de se levantar.
O tempo e espaço são extremamente delimitados,sendo que esta delimitação diminui as personagens, presas em um mundoburocrático, sem direitos de expandir seu tempo e espaço. Além disso, é algoexterior ao sujeito, que não pode controlar o fato de ser subordinado a essecontrole. Assim, Gregor pode ser considerado só mais um dos sujeitos que “andana linha”, metáfora reforçada pela figura do trem, meio de transporte utilizadopelos trabalhadores da firma.
Após sua metamorfose, a realidade de Gregor setorna cada vez mais reclusa, dessa vez, entre quatro paredes. O tempo,psicológico, neste momento reforçado pelos diversos pensamentos sobre o futuro,afinal, o sujeito está impotente em relação ao presente. Assim, o tempo deGregor continua delimitado, pois mesmo com tempo de sobra o personagem não podeaproveitá-lo. A falta de movimento faz com que o caixeiro não tenha uma“história”. Assim, a personagem, durante sua metamorfose, perde a noção detempo (como é possível perceber em suas reflexões sobre o Natal, sem saber seeste já havia passado). Seu futuro e seu passado lhe escapam, fazendo com queGregor viva precariamente seus pensamentos (da família reunida no passado e dosplanos de Gregor levar sua irmã ao Convento).
Na realidade, seu mundo se reduz ao instantepresente (tempo) e ao quarto fechado (espaço). Os dias passam sempre da mesmamaneira, extremamente monótonos, afinal  ele não possui a liberdade de ação. Osextremos temporais do eterno e breve se confundem e, para Gregor, só há umareferencia temporal: seu sofrimento. O tempo não progride, apenas circula emtorno de uma humilhação cada vez maior. A privacidade se mostra no afastamento dapersonagem em seu próprio quarto, cuja porta está fechada (e que, antes dametamorfose, poderia ser aberta). Assim, se confundindo com seu encarceramento,afinal, seu quarto não pode mais ser aberto. São abaladas aqui as categorias dotempo e do espaço. 

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