terça-feira, 9 de abril de 2013


“A Metamorfose”: tema e contexto

            “Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto gigante”. Um dos começos mais geniais da literatura universal é a abertura da obra A Metamorfose, de Franz Kafka. A história narra a desventura do caixeiro viajante Gregor Samsa, que acorda um dia transformado em um inseto e, subitamente, deixa de ser o sustento da família para se tornar um problema e um peso cada vez mais incontornável para seus pais e irmã. O autor narra a vida de uma família que foi alterada pelo capitalismo, em que operários se viram tendo que passar horas trabalhando de maneira frenética. Nesta época, as grandes cidades europeias haviam passado por reformas urbanas e sociais. A obra é marcada por um tom imparcial e impessoal ao ser narrado com descrições nos seus menores detalhes. Em si, a história abrange os temas de alienação e perseguição, e sendo a culpa de Gregor, centralmente, o constante motor que faz a historia se desenvolver. Além disso, a solidão como fuga, a paranoia, o pessimismo e a impotência do gigante inseto entram no caminho, temas característicos da sociedade contemporânea.
            No contexto histórico, Kafka estava frente a questões políticas e históricas importantíssimas. Em meio à crise da “Bélle Époque”, sendo um momento na história francesa do final do século XIX, e que se estendeu até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. No Brasil, a Proclamação da República (1889) marca o inicio desse período que foi até 1922 com o Movimento Modernista e a realização da Semana da Arte Moderna em São Paulo. Ou seja, seu momento histórico é marcado pelos novos movimentos culturais, transformações, florescimento do belo, novas tecnologias e o cinema. Além disso, Kafka vivia naquele momento em meio a uma crise existencial e racional.
            Essa crise se dava por conta de uma corrente filosófica que estourava na época, chamada de Existencialismo. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão em face de um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. É assim que Kafka se sentia frente às grandes transformações da época, com tudo mudando muito rápido aos seus olhos lentos.  Os seus trabalhos mais conhecidos são “A Metamorfose”, “Um artista da fome” e os romances “O Processo”, “América” e “O Castelo”.  E em todos eles, os personagens kafkianos sofrem de conflitos existenciais, como o homem de hoje. Os personagens não sabem que rumo podem tomar, não sabem dos objetivos da sua vida, questionam seriamente a existência e acabam sós. Kafka, expõe em suas historias os seus medos, a sua angústia existencialista perante o mundo, a sua solidão interior, sua problemática em lidar com a família e o círculo social.

2 comentários: