quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Apresentações de PT2

Análise Contexto Histórico


Na transição do século XVI para o XVII, a Europa passava por diversas transformações. No âmbito da economia, a Liga Hanseática (principal associação de comércio europeia e formada por cidades alemãs, basicamente), estava em decadência, processo que seria selado com a Paz de Vestfália (1648) após a Guerra dos Trinta Anos; a Holanda começava sua ascensão econômica, baseada no comércio de açúcar e no financiamento de diversos investimentos internacionais (dado o fato de que a Holanda possuia o mais importante banco da época, o Banco de Amsterdã).

Ainda na economia, a criação da Companhia Britânica das Índias Orientais (1600) e da Companhia Holandesa das Índias Orientais (1602) colocou o monopólio do comércio das especiarias do Oriente nas mãos da Inglaterra e da Holanda, sobretudo nas mãos dessa última, que controlava toda a área do Sudeste Asiático, em 1640. As atividades dessas companhias comerciais, destacadas por terem uma existência bem mais longa e independente do que suas precursoras, formaram as bases das economias capitalistas modernas, pois elas conseguiram acumular capital e fazer investimentos de longo prazo, o que levou ao surgimento de comerciantes especializados em comprar e vender as “ações” dessas companhias. Essas mesmas companhias foram responsáveis pela abertura do mercado de escravos, em parceria com diversos governos nacionais, dado o seu alto valor, pois eles eram a mão de obra nos engenhos de açúcar e nas plantações de tabaco e algodão, as commodities cuja venda apresentava altíssimos lucros na Europa.

No Norte da Europa, a Dinamarca encontrava – se unida com a Noruega (Reino da Dinamarca e Noruega), enquanto que a Suécia se encontrava como um estado independente, porém com conflitos constantes com seus vizinhos, os dinamarqueses, cujo ápice deu – se na Guerra de Kalmar (1611 – 1613), na qual os dinamarqueses venceram os suecos e tomaram a região da Lapônia.

A França tentava se reerguer após a série de Guerras Religiosas no país, ocorridas entre 1559 e 1598. Nessas guerras, o país sofrera com a disputa entre os partidários da Casa de Bourbon (favorável aos huguenotes) e os partidários da Casa de Guise (antiprotestante). A assinatura do Édito de Nantes (1598) acalmou os ânimos religiosos no país e colocou o país em um breve período de paz, que acabou em 1618, com a entrada do país na Guerra dos Trinta Anos, no papel de protagonista do conflito, ao lado da Suécia, visando diminuir o poder da dinastia dos Habsburgos. No país, ainda destaca – se, no período, a figura do cardeal Richelieu, principal ministro do rei Luís XIII e responsável por moldar as bases para o governo absolutista de Luís XIV.

Na Rússia, o fim do reinado de Ivan IV consolidou ainda mais o poder de Moscou. Aumentando o poder do rei sobre a Igreja Ortodoxa, limitando o poder dos boyars (nobres russos) e organizando um exército, a Rússia conseguiu se extender até a fronteira da atual Lituânia, na época, unida com a Polônia. A ascenção da dinastia dos Romanov em 1613 aumentou o poder dos russos, a partir de conflitos com o Império Otomano [que se encontrava em constantes conflitos internos entre o Divã (suprema corte), o Grão Vizir (primeiro ministro) e os janízaros (unidades de elite do exército)], com a Suécia, com a República das Duas Nações (Lituânia e Polônia) e com a Pérsia Safávida.

A Holanda se encontrava em processo de independência. Tendo seu território dominado pelo Sacro Império Romano Germânico e sofrendo grande influência de diversos ramos dos Habsburgos (sobretudo de seu ramo espanhol, liderado por Filipe II da Espanha), os holandeses se revoltaram e iniciaram uma guerra, conhecida como Guerra dos Oitenta Anos. No norte do país, através da União de Utrecht, surgia a “República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos”, que liderada por Guilherme de Orange, tornou – se independente da Espanha e dos Habsburgos, se desenvolvendo rapidamente. Ao sul, os “Países Baixos Espanhóis” se mostravam leais à Espanha e ao duque de Alba, governante Habsburgo contrário ao protestantismo.

A Espanha se encontrava unida com Portugal, no período conhecido como “União Ibérica”, ocorrido após a morte do rei português D. Sebastião, na Batalha de Alcácer – Quibir, no Marrocos, e a iminência da morte de seu sucessor, o cardeal D. Henrique, em 1580. A Espanha de Filipe II era uma das grandes potências mundiais, tendo derrotado os turcos em Lepanto (1571), conquistado totalmente o Peru (1572), estado em uma guerra contra a Holanda e enviado uma poderosa tropa para a Inglaterra (a Invencível Armada, em 1588). Com o início do processo de esgotamento do fluxo da prata do Novo Mundo, por volta de 1590, e com a forte concorrência franco – britânica na América do Norte, as rotas comerciais espanholas começaram a cair.

Durante esse período histórico, a Inglaterra era comandada pela Rainha Elizabeth, que instalou uma era de prosperidade econômica para os ingleses, garantida pelo comércio e pelos saques de navios espanhóis abarrotados de ouro, apoiados pelo governo e feitos pelos corsários. Tais ataques aos navios espanhois estavam dentro do contexto da Guerra Anglo – Espanhola (1585 – 1604) , cujos principais momentos foram:

a) O Tratado de Nonsuch (1585), através do qual os ingleses se comprometeram a apoiar as Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, na sua guerra de independência contra a Espanha.

b) O ataque a Santo Domingo, Cartagena de Indias e Flórida (1585), por parte dos corsários ingleses, liderados por Francis Drake.

c) O Ataque à Cadiz (1587), quando houve a destruição de parte da armada espanhola.

d) A Batalha de Gravelines (1588), na qual houve derrota da Invencivel Armada espanhola.

            Tal guerra, marcada pelas tensões entre protestantes e católicos, era iminente. Felipe II estava irritado com a interferência de Elizabeth I em assuntos internacionais, sobretudo na independência da Holanda sobre a Espanha. A ordem de invasão da Inglaterra, em 1588, foi dada pelo rei espanhol para tentar cessar as interferências, mas falhou. O bloqueio de Francis Drake e do Lorde Effingham conseguiu romper a armada espanhola e destruí-la, assegurando a vitória dos britânicos.

Antes do fim do governo da rainha Elizabeth I, ocorreram algumas tentativas de tomada de poder, destacando – se um golpe frustrado (descoberto pela rainha antes de sua execução) que tinha respaldo da Espanha e visava derrubar a rainha Elizabeth e colocar no trono Maria Stuart, rainha escocesa que havia abdicado do trono em favor de seu filho (o rei Jaime I), na tentativa de restaurar o catoliscismo na Inglaterra.

            Ainda nesse período, os ingleses sofreram alterações na política. Com a morte da Rainha Elizabeth e a ascensão de Jaime I ao trono, a Casa de Tudor deixou o poder da Inglaterra, sendo substituída pela Casa de Stuart. O novo rei passou a incentivar as artes, sobretudo o teatro, em uma prática similar ao Mecenato. Ainda em seu mandato, se destacaram a União das Coroas de Inglaterra e Escócia, de forma não oficial, dado o fato do rei Jaime I ser o monarca de ambas as nações.

            Ainda durante o governo de Jaime I, ocorreu a Conspiração da Pólvora, no qual um grupo de católicos ingleses tentou explodir o Parlamento em sua sessão de abertura, na qual se encontravam a família Real e todos os parlamentares, incluindo o Primeiro – Ministro. No final do mandato de Jaime I, ocorreu o início da Guerra dos Trinta Anos, colocando a Suécia, Dinamarca-Noruega, Inglaterra e Holanda contra Espanha, Sacro – Império Romano Germânico, Áustria e Hungria, resultando na Paz de Vestfália.

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