segunda-feira, 16 de julho de 2012

                               Iluminismo









·       A razão em busca de liberdade - Beatriz
            Entre os séculos XVII e XVIII, a grande expansão do Capitalismo foi acompanhada pela crescente participação da burguesia na sociedade, junto de sua conscientização como classe social. Ao mesmo tempo, o racionalismo reinava na Europa, difundindo a confiança na razão, a qual seria o principal instrumento humano para enfrentar desafios da vida e equacionar/“matematizar” os problemas que rodeavam os seres humanos.
            O desenvolvimento da Revolução Industrial e o êxito da ciência em áreas como a química, a física e a matemática serviam de inspiração a filósofos de todos os lugares. Assim, surgiu um novo mito: a ideia de progresso. Difundiu-se a crença de que a razão, a ciência e a tecnologia eram capazes de impulsionar a história numa caminhada contínua em busca da verdade e do progresso humano.
            Em paralelo, desenvolveu-se um pensamento que resultou no movimento cultural do século XVIII chamado Iluminismo, Ilustração ou Filosofia das Luzes.

¨   Burguesia e Iluminismo – Ana Paula
            Segundo o filósofo e sociólogo Lucien Goldmann, os valores fundamentais defendidos pelo Iluminismo (igualdade, tolerância, liberdade e propriedade privada) podiam estar relacionados com o comércio, portanto também seriam valores burgueses. Assim, os iluministas também teriam sido ideólogos da burguesia. Alguns desses valores são:
1.      Igualdade jurídica de todos perante a lei: na compra e na venda, as desigualdades sociais não são importantes. O que de fato interessa é a igualdade jurídica dos participantes do ato comercial. Todos são cidadãos, todos têm direitos básicos, embora tenham situações socioeconômicas distintas.
2.      Defesa da tolerância religiosa ou filosófica: as diferentes crenças religiosas ou filosóficas não intervêm no ato comercial. Independentemente da sua religião ou crença filosófica, cada indivíduo tem sua capacidade econômica. Do ponto de vista econômico, seria irracional e absurdo se a compra ou a venda ocorressem somente entre pessoas com a mesma crença religiosa ou filosófica.
3.      Liberdade pessoal e social e ausência da escravidão humana: o comércio só ocorre em sociedades nas quais os indivíduos estejam livres para realizar negócios. Sem indivíduos livres, recebendo salários, não há mercado comercial.
4.      Direito à propriedade privada: o ato comercial só ocorre entre pessoas que detém propriedade de bens ou de capitais, permitindo ao indivíduo usar e dispor livremente dos seus pertences.

¨   Filosofia nas ruas e salões - Thaís
            O movimento iluminista não foi coeso e uniforme, pois muitos pensadores não eram ideólogos da burguesia, mas sim defensores da aristocracia. Apesar disso, uma característica em comum entre todos eles era a busca pelo convencimento racional das pessoas.
            O comportamento de muitos filósofos foi alterado no século XVIII. Os iluministas circulavam pelas ruas e salões, expondo e praticando a razão. Eram filósofos propagandistas, como escreveu o pensador alemão Ernst Cassirer: “a razão não era o cofre da alma onde se guardavam verdades eternas, mas era a força espiritual, a energia, capaz de nos conduzir ao caminho da verdade”.
            O Iluminismo defendia que o ser humano era capaz de conhecer a realidade e interferir nela a partir do uso da razão, para organizá-la racionalmente, a fim de melhorar a vida das pessoas. O desenvolvimento da capacidade intelectual, isto é, o processo de ilustração, propunha libertar o homem de medos irracionais, superstições e crenças, questionando os costumes vulgares, de modo a construir uma nova ordem racional à sociedade.
            Ana Paula -
            A grande contribuição trazida pelos filósofos iluministas foi a generalização e aplicação de doutrinas críticas e analíticas às muitas áreas do conhecimento humano e também a retomada das ideias do grande racionalismo do século XVII.
            Algumas ideias da mentalidade iluminista são:
1.                      Estudo da natureza e ser humano: os intelectuais preocupavam-se com o mundo concreto, e dentro dele, estudariam o ser humano;
2.                      História: o conjunto dos conhecimentos históricos obtidos no passado pode servir ao bem-estar social;
3.                      Progresso: as novas descobertas resultaram na crença de um novo ideal, a ideia de progresso.

Montesquieu - Paula
Montesquieu, mais conhecido como barão de Montesquieu, foi um jurista (pessoa que estuda ciências jurídicas, com grande conhecimento de assuntos de direito). Escreveu a obra O espírito das leis, na qual criou a teoria da separação dos poderes do Estado em três: o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo, a fim de evitar os abusos dos governantes e proteger as liberdades dos indivíduos. Defendia uma monarquia constitucional e inclinava-se para um liberalismo aristocrático. Não defendia uma república burguesa. Afirmava que “a lei é uma relação necessária que decorre da natureza das coisas”. Acreditava que se uma só pessoa controlasse os três poderes, haveria grandes riscos de tirania.
Voltaire - Paula
François-Marie Arouet foi poeta, dramaturgo, filósofo e um dos mais importantes pensadores iluministas. Utilizava o pseudônimo de Voltaire. Destacou-se pelas críticas que fez ao clero como também à intolerância religiosa. Porém, concordava com a necessidade da crença em Deus, dizendo que, se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo.
Defendia uma monarquia que respeitasse a liberdade dos indivíduos e que fosse governada por um soberano esclarecido. Além disso, era a favor da liberdade de pensamento, e assim, afirmava que “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-las”.
Diderot e D’Alembert - Thaís
            Os pensadores franceses Diderot e D’Alembert organizaram uma enciclopédia que resumia os principais conhecimentos científicos e filosóficos da época. A obra teve colaboração de muitos outros autores, como por exemplo, Montesquieu, Voltaire e Rousseau.
            A Enciclopédia influenciou o pensamento político burguês e defendia o racionalismo, um Estado laico e a confiança no avanço humano a partir de realizações científicas e tecnológicas.
            Diderot é a principal figura da Enciclopédia. Ele realizou a ruptura com a teologia tradicional, afirmando-se como ateu e materialista.

Jean-Jacques Rousseau - Beatriz
            O filósofo e escritor suíço Jean-Jacques Rousseau representou a transição do Iluminismo para o Romantismo. Embora defendesse a liberdade e combatesse os vícios sociais, criticava os excessos racionalistas, tornando-se precursor do Romantismo (movimento artístico, político e filosófico que tinha uma visão do mundo contrária ao racionalismo e ao Iluminismo).
            Em uma de suas obras, denominada Do contrato social, defende a tese de que o governante deve conduzir o estado segundo a vontade do seu povo e ter em mente o bem de todos. Somente desse jeito o Estado teria a possibilidade de oferecer aos cidadãos um regime de igualdade jurídica.
            Na obra Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, critica a avareza, a corrupção e os vícios sociais, como também presta homenagem aos valores da vida natural.
            O filósofo suíço elogiou a liberdade do selvagem, em seu estado natural, opondo-se ao artificialismo e à falsidade do indivíduo civilizado. A partir destas ideias, criou o mito do bom selvagem (segundo Rousseau, neste mito, o ser humano, em seu estado natural, vivia feliz, livre, em harmonia com seu habitat natural, isolado e guiado pelos bons sentimentos).
            Rousseau inspirou os valores da Revolução Francesa e defendeu a pequena burguesia (formada por proprietários de pequenos negócios e por profissionais liberais autônomos. Seria a classe média da sociedade).

Adam Smith - Ana Paula
            Adam Smith foi um economista e filósofo escocês. Ele foi uma das principais figuras da economia clássica e o principal teórico do liberalismo econômico. Na obra Ensaio sobre a riqueza das nações, criticou o mercantilismo, que é baseado na interferência excessiva do Estado na economia.
            O filósofo defendia que a economia deveria ser autônoma, sendo comandada pelo jogo livre da oferta e da procura de mercado. O próprio mercado se auto-organizaria e conseguiria cuidar das necessidades sociais, desde o governo não intervisse nele. Smith também defendia que o trabalho é a real fonte de riqueza das nações, devendo ser guiado pela iniciativa livre de cada um.
            Suas teses basearam-se na ideia iluminista de que a racionalidade e a ordem são superiores à vontade humana e ao caos, desde que os indivíduos consigam agir com liberdade social, no caso, com liberdade econômica.

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