Primavera Árabe
Primavera Árabe
não se trata de um evento, de algo breve ou de uma estação do ano, trata-se de
um período de transformações históricas nos rumos da política mundial.
Entende-se por Primavera Árabe a onda de protestos e revoluções ocorridas no
Oriente Médio e norte do continente africano em que a população foi às ruas
para tirar ditadores do poder, autocratas que assumiram o controle de seus
países durante várias e várias décadas.
Tudo começou em dezembro de 2010
na Tunísia, com a derrubada do ditador Zine El Abidini Ben Ali. Em
seguida, a onda de protestos se arrastou para outros países. No total, entre
países que passaram e que ainda estão passando por suas revoluções, somam-se à
Tunísia: Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e
Omã. Veja abaixo as principais informações a respeito de cada uma dessas
revoluções.
Tunísia:
Os protestos na Tunísia, os primeiros da Primavera Árabe, foram também
denominados por Revolução de Jasmin. Essa revolta ocorreu em
virtude do descontentamento da população com o regime ditatorial, iniciou-se no
final de 2010 e encerrou-se em 14 de Janeiro de 2011 com a queda de Ben Ali,
após 24 anos no poder.
O estopim que marcou o início
dessa revolução foi o episódio envolvendo o jovem Mohamed Bouazizi,
que vivia com sua família através da venda de frutas e que teve os seus
produtos confiscados pela polícia por se recusar a pagar propina. Extremamente
revoltado com essa situação, Bouazizi ateou fogo em seu próprio corpo, marcando
um evento que abalou a população de todo o país e que fomentou a concretização
da revolta popular.
Manifestantes tunisianos
manifestam pelo fim da ditadura em seu país ¹
Líbia: a
revolta na Líbia é conhecida como Guerra Civil Líbia ou Revolução Líbia
e ocorreu sob a influência das revoltas na Tunísia, tendo como objetivo acabar
com a ditadura de Muammar Kadhafi. Em razão da repressão do regime ditatorial,
essa foi uma das revoluções mais sangrentas da Primavera Árabe. Outro marco
desse episódio foi a intervenção das forças militares da OTAN (Organização do
Tratado do Atlântico Norte), comandadas, principalmente, pela frente da União
Europeia.
O ditador líbio foi morto após
intensos combates com os rebeldes no dia 20 de Outubro de 2011.
Egito: A
Revolução do Egito foi também denominada por Dias de Fúria, Revolução
de Lótus e Revolução do Nilo. Ela foi marcada pela
luta da população contra a longa ditadura de Hosni Mubarak. Os protestos
se iniciaram em 25 de Janeiro de 2011 e se encerraram em 11 de Fevereiro do
mesmo ano. Após a onda de protestos, Mubarak anunciou que não iria se
candidatar novamente a novas eleições e dissolveu todas as frentes de
estruturação do poder. Em Junho de 2011, após a realização das eleições,
Mohammed Morsi foi eleito presidente egípcio.
Protestos pediram o fim do governo
de Hosni Mubarak no Egito ²
Argélia: A
onda de protestos na Argélia ainda está em curso e objetiva derrubar o atual
presidente Abdelaziz Bouteflika, há 12 anos no poder. Em virtude do
aumento das manifestações de insatisfação diante de seu mandato, Bouteflika
organizou a realização de novas eleições no país, mas acabou vencendo em uma
eleição marcada pelo elevado número de abstenções. Ainda existem protestos e,
inclusive, atentados terroristas que demonstram a insatisfação dos argelinos
frente ao governo.
Síria: Os
protestos na Síria também estão em curso e já são classificados como Guerra
Civil pela comunidade internacional. A luta é pela deposição do ditador Bashar
al-Assad, cuja família encontra-se no poder há 46 anos. Há a estimativa de
quase 20 mil mortos desde que o governo ditatorial decidiu reprimir os rebeldes
com violência.
Há certa pressão por parte da ONU
e da comunidade internacional em promover a deposição da ditadura e dar um fim
à guerra civil, entretanto, as tentativas de intervenção no conflito vêm sendo
frustradas pela Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU e
muitos interesses na manutenção do poder de Assad. Existem indícios de que o
governo sírio esteja utilizando armas químicas e biológicas para combater a
revolução no país.
Manifestação de cidadãos sírios em
Washington, Estados Unidos. ³
Bahrein:
Os protestos no Bahrein objetivam a derrubada do rei Hamad bin Isa
al-Khalifa, no poder há oito anos. Os protestos também se iniciaram em
2011 sob a influência direta dos efeitos da Revolução de Jasmim. O governo
responde com violência aos rebeldes, que já tentaram atacar, inclusive, o
Grande Prêmio de Fórmula 1. Registros indicam centenas de mortos durante combates
com a polícia.
Marrocos:
A Primavera Árabe também ocorreu no Marrocos. Porém, com o diferencial de que
nesse país não há a exigência, ao menos por enquanto, do fim do poder do Rei
Mohammed VI, mas sim da diminuição de seus poderes e atribuições. O rei marroquino,
mediante os protestos, chegou a atender partes das exigências, diminuindo parte
de seu poderio e, inclusive, nomeando eleições para Primeiro-Ministro.
Entretanto, os seus poderes continuam amplos e a insatisfação no país ainda é
grande.
Iêmen: Os
protestos e conflitos no Iêmen estiveram em torno da busca pelo fim da ditadura
de Ali Abdullah Saleh, que durou 33 anos. O fim da ditatura foi anunciado em
Novembro de 2011, em processo marcado para ocorrer de forma transitória e
pacífica, através de eleições diretas. Apesar do anúncio de uma transição
pacífica, houve conflitos e repressão por parte do governo. Foram registrados
também alguns acordos realizados pelos rebeldes com a organização terrorista
Al-Qaeda durante alguns momentos da revolução iemenita.
Jordânia:
A Jordânia foi um dos últimos países, até o momento, a sofrer as influências da
Primavera Árabe. Revoltas e protestos vêm ocorrendo desde a segunda metade de
2012, com o objetivo de derrubar o governo do Rei Abdullah II, que, com receio
da intensificação da Primavera Árabe em seu país, anunciou no início de 2013 a
realização de novas eleições. Entretanto, o partido mais popular do país, a
Irmandade Muçulmana, decidiu pelo boicote desse processo eleitoral diante das
frequentes denúncias e casos comprovados de fraudes e compras de votos.
Omã: Assim como
no Marrocos, em Omã não há a exigência do fim do regime monárquico do sultão
Qaboos bin Said que impera sobre o país, mas sim a luta por melhores condições
de vida, reforma política e aumento de salários. Em virtude do temor do
alastramento da Primavera Árabe, o sultão definiu a realização das primeiras
eleições municipais em 2012.
O sultão vem controlando a
situação de revolta da população do país através de benesses e favores à
população. Apesar disso, vários protestos e greves gerais já foram registradas
desde 2011.
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