IMPÉRIO CAROLÍNGEO
Durante o século V, as tribos dos francos, com o processo
de invasão do Império Romano do Ocidente, passaram a ocupar o norte da Gália.
No governo de Clóvis, em 494, os exércitos reais empreenderam uma investida
militar contra os visigodos que assegurou o domínio sobre toda região gaulesa.
No decorrer dos governos francos, os reis empreenderam uma sólida associação
com a Igreja Católica. Durante diversas dinastias, a Igreja e os nobres
recebiam terras como recompensa da aprovação religiosa e apoio militar.
Ao longo do século VII os vários reis que assumiram o
trono não conseguiram assegurar a unidade dos territórios. Conhecidos como
“reis indolentes”, tais autoridades passaram a conceder poderes políticos a um
grupo de funcionários públicos conhecidos como major domus ou prefeito do
palácio. O mais conhecido deles foi Carlos Martel, que no ano de 732 liderou os
francos na chamada Batalha de Poitiers, que impediu a expansão árabe rumo à
Europa Central.
Com essa conquista, Carlos abriu portas para que seu
filho, Pepino, o Breve, garantisse a condição de rei dos francos. Apoiado pela
Igreja, Pepino empreendeu a conquista sob os territórios da Península Itálica,
que posteriormente teve parte de suas terras doadas ao alto clero. Dominada
diretamente pela Santa Sé, essa região ganhou o nome de Patrimônio de São
Pedro. Carlos Magno, filho de Pepino, sucedeu seu pai no ano de 768.
Na década de 770, Carlos Magno subjugou os lombardos e
saxões, obrigando-os a se converterem ao cristianismo. Anos mais tarde
empreendeu campanhas no Leste Europeu, dominando uma parcela dos povos eslavos.
Estreitando laços com a Igreja, o chamado Império Carolíngio vislumbrou a
disseminação do cristianismo da Europa e restringiu o avanço da Igreja
Bizantina. No ano de 800, o papa Leão III nomeou Carlos Magno imperador na
cidade de Roma.
Para manter a unidade de seus territórios, foi necessário
que ele distribuísse terras ao diversos integrantes do clero e da nobreza. Ao
conseguirem a posse dos condados e das marcas (tipos diferentes de possessão de
terra), esses grupos sociais estabeleciam um sólido laço de fidelidade com a
autoridade de Carlos Magno. Além disso, o imperador criou um grupo de fiscais,
chamados de missi dominici (emissários do senhor) que eram obrigados a
fiscalizar os territórios reais. Para regimentar suas terras, Carlos ainda
criou as capitulares, primeiro conjunto de leis do mundo medieval.
As conquistas deste império que se formou na Idade Média
foram responsáveis por um período de intensa atividade cultural. Patrocinado do
rei, escolas foram fundadas, várias obras greco-romanas foram traduzidas com o
auxílio da Igreja que preservou boa parte deste conhecimento. Com a morte de
Carlos Magno, em 814, todo o apogeu do Império Carolíngio foi posto a prova.
Após o governo de Luís Piedoso, filho de Carlos, os territórios foram alvo da
disputa de seus três filhos.
Depois de intensas disputas, o Tratado de Verdun (843)
fixou a divisão do império em três novos reinos. Carlos, o Calvo, tornou-se o
rei da França ocidental; Luís, o Germânico, deteve controle sobre a França
Oriental; e Lotário tornou-se rei da França Central. Com a divisão, o poderio
militar dos francos não conseguiu fazer frente à invasão dos normandos,
magiares e árabes.
Nesse processo, outros nobres ganharam prestígio mediante
seu sucesso militar. Em 987, Hugo Capeto controlou a região da França
Ocidental. Com sua ascensão teve início a chamada dinastia capetíngia. Na
porção oriental, os duques da Francônia, da Saxônia, da Baviera e da Suábia
tomaram conta da região fundando o Reino Germânico. A queda do Império
Carolíngio deu fim ao reino dos francos, que foi substituído pelo poder
político dos nobres proprietários de terra.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Graduado em História
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