Apresentações de PT2
Análise Contexto Histórico
Na
transição do século XVI para o XVII, a Europa passava por diversas
transformações. No âmbito da economia, a Liga Hanseática (principal associação
de comércio europeia e formada por cidades alemãs, basicamente), estava em decadência,
processo que seria selado com a Paz de Vestfália (1648) após a Guerra dos
Trinta Anos; a Holanda começava sua ascensão econômica, baseada no comércio de
açúcar e no financiamento de diversos investimentos internacionais (dado o fato
de que a Holanda possuia o mais importante banco da época, o Banco de Amsterdã).
Ainda
na economia, a criação da Companhia Britânica das Índias Orientais (1600) e da
Companhia Holandesa das Índias Orientais (1602) colocou o monopólio do comércio
das especiarias do Oriente nas mãos da Inglaterra e da Holanda, sobretudo nas
mãos dessa última, que controlava toda a área do Sudeste Asiático, em 1640. As
atividades dessas companhias comerciais, destacadas por terem uma existência
bem mais longa e independente do que suas precursoras, formaram as bases das
economias capitalistas modernas, pois elas conseguiram acumular capital e fazer
investimentos de longo prazo, o que levou ao surgimento de comerciantes
especializados em comprar e vender as “ações” dessas companhias. Essas mesmas
companhias foram responsáveis pela abertura do mercado de escravos, em parceria
com diversos governos nacionais, dado o seu alto valor, pois eles eram a mão de
obra nos engenhos de açúcar e nas plantações de tabaco e algodão, as
commodities cuja venda apresentava altíssimos lucros na Europa.
No
Norte da Europa, a Dinamarca encontrava – se unida com a Noruega (Reino da
Dinamarca e Noruega), enquanto que a Suécia se encontrava como um estado
independente, porém com conflitos constantes com seus vizinhos, os
dinamarqueses, cujo ápice deu – se na Guerra de Kalmar (1611 – 1613), na qual
os dinamarqueses venceram os suecos e tomaram a região da Lapônia.
A
França tentava se reerguer após a série de Guerras Religiosas no país,
ocorridas entre 1559 e 1598. Nessas guerras, o país sofrera com a disputa entre
os partidários da Casa de Bourbon (favorável aos huguenotes) e os partidários
da Casa de Guise (antiprotestante). A assinatura do Édito de Nantes (1598)
acalmou os ânimos religiosos no país e colocou o país em um breve período de
paz, que acabou em 1618, com a entrada do país na Guerra dos Trinta Anos, no
papel de protagonista do conflito, ao lado da Suécia, visando diminuir o poder
da dinastia dos Habsburgos. No país, ainda destaca – se, no período, a figura
do cardeal Richelieu, principal ministro do rei Luís XIII e responsável por
moldar as bases para o governo absolutista de Luís XIV.
Na
Rússia, o fim do reinado de Ivan IV consolidou ainda mais o poder de Moscou.
Aumentando o poder do rei sobre a Igreja Ortodoxa, limitando o poder dos boyars
(nobres russos) e organizando um exército, a Rússia conseguiu se extender até a
fronteira da atual Lituânia, na época, unida com a Polônia. A ascenção da
dinastia dos Romanov em 1613 aumentou o poder dos russos, a partir de conflitos
com o Império Otomano [que se encontrava em constantes conflitos internos entre
o Divã (suprema corte), o Grão Vizir (primeiro ministro) e os janízaros
(unidades de elite do exército)], com a Suécia, com a República das Duas Nações
(Lituânia e Polônia) e com a Pérsia Safávida.
A
Holanda se encontrava em processo de independência. Tendo seu território
dominado pelo Sacro Império Romano Germânico e sofrendo grande influência de
diversos ramos dos Habsburgos (sobretudo de seu ramo espanhol, liderado por
Filipe II da Espanha), os holandeses se revoltaram e iniciaram uma guerra,
conhecida como Guerra dos Oitenta Anos. No norte do país, através da União de
Utrecht, surgia a “República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos”, que
liderada por Guilherme de Orange, tornou – se independente da Espanha e dos
Habsburgos, se desenvolvendo rapidamente. Ao sul, os “Países Baixos Espanhóis”
se mostravam leais à Espanha e ao duque de Alba, governante Habsburgo contrário
ao protestantismo.
A
Espanha se encontrava unida com Portugal, no período conhecido como “União
Ibérica”, ocorrido após a morte do rei português D. Sebastião, na Batalha de
Alcácer – Quibir, no Marrocos, e a iminência da morte de seu sucessor, o
cardeal D. Henrique, em 1580. A Espanha de Filipe II era uma das grandes
potências mundiais, tendo derrotado os turcos em Lepanto (1571), conquistado
totalmente o Peru (1572), estado em uma guerra contra a Holanda e enviado uma
poderosa tropa para a Inglaterra (a Invencível Armada, em 1588). Com o início
do processo de esgotamento do fluxo da prata do Novo Mundo, por volta de 1590,
e com a forte concorrência franco – britânica na América do Norte, as rotas
comerciais espanholas começaram a cair.
Durante
esse período histórico, a Inglaterra era comandada pela Rainha Elizabeth, que
instalou uma era de prosperidade econômica para os ingleses, garantida pelo
comércio e pelos saques de navios espanhóis abarrotados de ouro, apoiados pelo
governo e feitos pelos corsários. Tais ataques aos navios espanhois estavam
dentro do contexto da Guerra Anglo – Espanhola (1585 – 1604) , cujos principais
momentos foram:
a) O Tratado de Nonsuch
(1585), através do qual os ingleses se comprometeram a apoiar as Sete
Províncias Unidas dos Países Baixos, na sua guerra de independência contra a
Espanha.
b) O ataque a Santo
Domingo, Cartagena de Indias e Flórida (1585), por parte dos corsários
ingleses, liderados por Francis Drake.
c) O Ataque à Cadiz
(1587), quando houve a destruição de parte da armada espanhola.
d) A Batalha de
Gravelines (1588), na qual houve derrota da Invencivel Armada espanhola.
Tal guerra, marcada pelas tensões
entre protestantes e católicos, era iminente. Felipe II estava irritado com a
interferência de Elizabeth I em assuntos internacionais, sobretudo na
independência da Holanda sobre a Espanha. A ordem de invasão da Inglaterra, em
1588, foi dada pelo rei espanhol para tentar cessar as interferências, mas
falhou. O bloqueio de Francis Drake e do Lorde Effingham conseguiu romper a
armada espanhola e destruí-la, assegurando a vitória dos britânicos.
Antes
do fim do governo da rainha Elizabeth I, ocorreram algumas tentativas de tomada
de poder, destacando – se um golpe frustrado (descoberto pela rainha antes de
sua execução) que tinha respaldo da Espanha e visava derrubar a rainha
Elizabeth e colocar no trono Maria Stuart, rainha escocesa que havia abdicado
do trono em favor de seu filho (o rei Jaime I), na tentativa de restaurar o
catoliscismo na Inglaterra.
Ainda nesse período, os ingleses
sofreram alterações na política. Com a morte da Rainha Elizabeth e a ascensão
de Jaime I ao trono, a Casa de Tudor deixou o poder da Inglaterra, sendo
substituída pela Casa de Stuart. O novo rei passou a incentivar as artes,
sobretudo o teatro, em uma prática similar ao Mecenato. Ainda em seu mandato,
se destacaram a União das Coroas de Inglaterra e Escócia, de forma não oficial,
dado o fato do rei Jaime I ser o monarca de ambas as nações.
Ainda durante o governo de Jaime I,
ocorreu a Conspiração da Pólvora, no qual um grupo de católicos ingleses tentou
explodir o Parlamento em sua sessão de abertura, na qual se encontravam a
família Real e todos os parlamentares, incluindo o Primeiro – Ministro. No
final do mandato de Jaime I, ocorreu o início da Guerra dos Trinta Anos,
colocando a Suécia, Dinamarca-Noruega, Inglaterra e Holanda contra Espanha,
Sacro – Império Romano Germânico, Áustria e Hungria, resultando na Paz de
Vestfália.
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