Apresentações de PT2
A Religião
“Oh, se esta carne sólida, tão sólida, se esfizesse, fundindo-se em orvalho! Ou se ao menos o Eterno não houvesse condenado o suicídio! Ó Deus! Ó Deus!” Assim, Hamlet inicia seu primeiro monólogo, apresentando Deus como aquele que dita o que pode e o que não se pode ser feito, independentemente da vontade dos que estão na Terra.
Essa
influência, típica da Idade Média, continua no Renascimento (ainda que
diminuta), quando ocorre a Reforma Protestante, sendo gradualmente reduzida ao
longo dos anos. Na Dinamarca de Hamlet, a religião era imposta de forma
coercitiva, sendo preciso seguir seus dogmas para ser aceito na sociedade.
No entanto, há
divergências quanto à qual religião seria essa. Alguns dos principais eventos
da narrativa são característicos da religião Católica, como a condenação ao
suicídio (que Hamlet apresenta tão bem), à vingança e a aqueles que não cumprem
os sete sacramentos (caso do fantasma).
Hamlet
vive o dilema entre o que é certo ou errado. Sua religião, partindo do
pressuposto que seja a católica, diz que quem deve julgar os homens é Deus;
enquanto que estes devem manter-se fiéis a sua família e a Ele. No entanto,
manter-se fiel a seu pai não seria atender ao pedido do fantasma? Fantasma este
que, por não ter passado pelos últimos sacramentos (também chamados de ‘unção
dos enfermos’), é condenado ao purgatório.
Ainda
assim, existe certa influência protestante no modo de pensar do protagonista.
Sua afirmação de que “Há uma providência predestinada na queda de um pardal.”
indica não só a crença protestante de que a vontade de Deus controla todo e
qualquer evento, por menor que seja; como também a doutrina de João Calvino,
fundador do Calvinismo, da predestinação.
A
localização só reforça essa presença do Protestantismo, visto que a Dinamarca é
um país predominantemente protestante e Wittenberg (cidade britânica onde
algumas das personagens, incluindo o príncipe, frequentam a universidade) foi onde
Martinho Lutero pregou suas 95 teses pela primeira vez.
Suicídio – Durante o Império Romano, muitos fiéis davam suas vidas
de bom grado nas arenas romanas, acreditando que seu sacrifício os levaria aos
céus. No século 6 depois de Cristo, a perda de adeptos, levou a Igreja Católica
a considerar o suicídio um pecado. A justificativa para condenar tal ato foi a
de que era preciso viver e ser testado na Terra para merecer o paraíso depois
da morte. Assim, se provassem o suicídio, Ofélia não seria merecedora nem do
paraíso, nem de ser enterrada em terra santa por ser uma pecadora.
7 sacramentos – Os sete sacramentos são batismo, crisma, confissão, eucaristia, ordem sacerdotal, matrimônio e unção dos
enfermos. Durante essas
cerimônias, a graça de Deus é representada, selada e aplicada aos fiés, que por
sua vez demonstram sua fé e obediência a Deus.
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